O que é?
O câncer é o aparecimento de um conglomerado de células malignas
que, com o passar do tempo, resultam no aparecimento e desenvolvimento
de um tumor. Quando o processo é iniciado no pulmão, estamos diante de
um câncer primário deste órgão. Em alguns casos, o pulmão pode ser
também acometido por tumores que se originaram em outros órgãos,
caracterizando metástases pulmonares e não tumores primários do pulmão. O
câncer de pulmão ( ou tumor primário do pulmão ) é um dos tipos de
câncer mais frequentes em homens e mulheres e com os maiores índices de
mortalidade e letalidade, acarretando grande impacto na população. A
grosso modo podemos dividir os tumores malignos primários do pulmão em
carcinoma de pequenas células ('oat-cell' ) ou não-pequenas células.
Estes últimos podem ainda ser adenocarcinoma, carcinoma de células
escamosas, carcinoma de grandes células, entre outros.
Sinais e sintomas
Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão são: tosse presistente e
progressiva, mudança no padrão de tosse de um paciente, escarro com
sangue, falta de ar, cansaço, dor no tórax, emagrecimento, nódulos
palpáveis em região supraclavicular, rouquidão. Outros sintomas de
doença avançada podem estar presentes, por exemplo alterações
neurológicas. É bom lembrar que em fases iniciais pode não haver sinais
ou sintomas específicos.
Causas (fatores predisponentes)
O fator de risco mais importante para ocorrência do câncer de
pulmão é o tabagismo. Os fumantes têm o risco 20 a 30 vezes maior de
desenvolver a doença do que não fumantes. Este risco depende da
quantidade de cigarros consumida, duração do hábito e idade em que se
iniciou o tabagismo.
Outros fatores de risco tradicionalmente aceitos são: exposição
ocupacional (asbestos, gás radônio, urânio, cromo, agentes alquilantes,
entre outros), tabagismo passivo, história familiar de câncer de pulmão e
neoplasia pulmonar prévia.
Prevenção
A interrupção do hábito de fumar, em qualquer momento, implica na
queda do risco de desenvolvimento do câncer de pulmão. Esta redução de
risco ocorre de maneira gradual e progressiva ao longo de 15 anos. Após
esse período, o risco se estabiliza, permanecendo 2 vezes maior para um
fumante em comparação a um não fumante.
Apesar dos avanços no tratamento do câncer de pulmão nas últimas
décadas o prognóstico da doença , quando diagnosticado em fase avançada,
permanence desfavorável. Neste sentido, a detecção da doença na fase
inicial seria interessante no sentido de proporcionar maior chance de
tratamento e cura. Com este racional, vários estudos têm sido
realizados com o intuito de encontrar um método ou exame efetivo para o
rastreamento da doença. O maior estudo realizado até o momento foi
publicado recentemente: o "National Lung Screening Trial (NLST)"
incluiu mais de 50000 pacientes considerados de alto risco para o
desenvolvimento deste tipo de câncer. Os pacientes foram divididos em 2
grupos para realização de Tomografia de tórax (com baixa dosagem de
radiação) ou Radiografia do tórax anualmente por um período de 3 anos.
Após um período de seguimento de aproximadamente 6,5 anos, observou-se
uma redução do número de mortes por câncer de pulmão em torno de 20% com
a realização da Tomografia de tórax. Este foi o primeiro estudo a
demonstrar a vantagem de realizar um exame de rastreamento para o
diagnóstico precoce do câncer de pulmão. No entanto, o estudo apresenta
criticas metodológicas e não sabemos ainda se essa estratégia é
aplicável em nosso meio. A Tomografia também é um exame não insento de
riscos. Muitas dúvidas ainda existem com relação ao real benefício do
rastreamento em câncer de pulmão.
Outros estudos de custo efetividade mostram que as campanhas que
estimulam o abandono do tabagismo são de menor custo e a longo prazo
podem promover uma redução importante do número de casos da doença.
Com as evidências científicas disponíveis até o momento, a maneira
mais segura para prevenir a morte e as complicações pelo câncer de
pulmão é a interrupção do tabagismo.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de pulmão envolve profissionais de
diferentes especialidades (por exemplo o clínico geral, oncologista
clínico, pneumologista, radiologista, cirurgião torácico etc.). Os
exames de imagem são importantes nesse processo, sendo o RX de tórax
muitas vezes o primeiro a ser realizado. A tomografia de tórax pode
mostrar estruturas torácicas com mais detalhes e ser útil para a próxima
etapa diagnóstica. Diante da suspeita clínica e do aparecimento de
nódulo ou massa em exame de imagem (RX de tórax e/ou tomografia de tórax
por exemplo), o paciente é encaminhado para a realização de
procedimento que obtenha material para diagnóstico histopatológico
(biópsia). Esse processo pode ser realizado através de broncoscopia com
biópsia transbrônquica, punção-biópsia guiada por tomografia,
pleuroscopia, mediastinoscopia, ou ainda cirurgia aberta. Em algumas
situações o diagnóstico histológico é realizado com biópsia de um sítio
de metástase da doença ( por exemplo biópsia de nódulo no fígado ou de
um gânglio supraclavicular).
Tratamento
Antes de qualquer tratamento, o paciente será submetido à uma série
de exames chamados de exames de estadiamento, onde será avaliada a
extensão da doença. Esta avaliação é fundamental para uma melhor análise
das condições de saúde e da melhor abordagem terapêutica para o
paciente em questão. Dentre os exames de estadiamento em câncer de
pulmão podemos citar: tomografia do tórax e abdômen, cintilografia
óssea, exame de imagem do cérebro (por exemplo ressonância nuclear
magnética) e a tomografia por emissão de pósitrons ( PET-scan ). A
realização dos exames quando indicados deve partir do especialista.
O tratamento da doença também é multidiscliplinar e depende muito
do subtipo de câncer e da fase em que a doença se encontra. No que se
refere ao câncer não pequenas células de pulmão, o tratamento cirúrgico é
indicado em fases iniciais, podendo ser complementado ou não com
quimioterapia, a depender do caso. Em fases um pouco mais avançadas,
onde há comprometimento de linfonodos (gânglios) mediastinais, pode ser
necessária a estratégia de quimioterapia associada à radioterapia,
seguida ou não de cirurgia em casos selecionados. Na doença metastática
ou avançada o tratamento sistêmico é armamentário importante
(quimioterapia antiblástica ou com agentes "alvo" ). A radioterapia na
doença avançada também pode ser necessária ( por exemplo para paliação
de sintomas de dor ou para tratamento de metástases cerebrais). Nos
tumores de pequenas células a doença é classificada em extensa ou
localizada, sendo a quimioterapia o pilar do tratamento da primeira e a
quimiorradioterapia o pilar do tratamento da última. Vale ressaltar que o
tratamento do câncer de pulmão, seja ele de qualquer tipo, é complexo e
aqui colocamos somente uma idéia geral das estratégias terapêuticas. É
muito importante que cada caso específico seja individualizado.
Redação: Alexandre Fonseca
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