quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CRONICAS DE FALABELA



A nova-iorquina Pamela Druckerman é casada com um inglês e mora com ele em Paris, onde teve filhos. Na Inglaterra ou nos Estados Unidos, ela poderia ter se relacionado com outras mães exaustas e privadas de sono. A maternidade em Paris, porém, era diferente.
Pamela se viu em um estranho mundo em que os bebês dormiam a noite toda a partir dos dois meses, comiam no horário das refeições dos adultos e geralmente frequentavam a creche desde os nove meses. Um mundo em que as crianças seguiam uma dieta variada e sofisticada e não jogavam o jantar fora. Enfim, um mundo em que as mães não viviam exaustas e respingadas de vômito. Ao contrário: aparentavam ser chiques, até mesmo sexy, e tinham suas próprias vidas de adultos.
Pamela se frustrou ao descobrir que as mães francesas não estavam interessadas em se relacionar com outras mães. Elas tinham coisas melhores para fazer.
Como jornalista e mãe desesperada, ela estava ansiosa para desvendar o segredo da educação francesa. Parecia “oscilar entre ser extremamente severo e chocantemente permissivo”, mas os resultados foram impressionantes. Os pais não gritavam e os filhos eram calmos, pacientes e capazes de lidar com frustrações. Pamela entrevistou pais e especialistas e comparou suas descobertas com o que viu e pesquisou em sua terra natal. O resultado está em French Children Don’t Throw Food (Crianças Francesas Não Jogam Comida Fora, em tradução livre). A versão americana, Bringing Up Bébé, está causando polêmica nos EUA.
Pamela não busca dar conselhos, apenas descreve sua experiência e apresenta os dois diferentes métodos: a calma, prazerosa e – para a maioria – agradável experiência francesa, contra o razoavelmente histérico, intenso e exaustivo método anglófono. A escolha é do leitor.
Paciência e pulso firme
O segredo francês é esperar: o método não dá gratificações imediatas. Ele começa mais ou menos no nascimento. Quando um bebê francês chora à noite, os pais se aproximam, param e observam por alguns minutos. Eles sabem que o padrão de sono dos bebês inclui movimentos, barulhos e ciclos de duas horas de sono, entre os quais o bebê pode chorar. Deixados sozinhos, eles podem se acalmar e voltar a dormir. Se você irromper como um anglófono e imediatamente pegar o seu bebê no colo, está o treinando a acordar de propósito. Resultado? Com frequência, bebês franceses dormem a noite toda a partir dos dois meses.
Crianças francesas continuam a esperar – quando são bebês, aguardam “longos intervalos entre uma refeição e outra”, e, quando mais velhos, esperam até as 16h por doces e bolos (sem guloseimas antes do caixa do supermercado) ou até suas mães terminarem uma conversa ou seja o que for que elas estejam fazendo no momento. Até mesmo crianças pequenas esperam sem problemas pela comida em restaurantes.
Essa espera, segundo os franceses, “é a primeira lição crucial sobre autoconfiança e como aproveitar a própria companhia”.
Françoise Dolto, “o titã da educação francesa”, acredita que crianças são racionais e “compreendem linguagem assim que nascem” – por isso, você pode “explicar o mundo para elas”. Deve-se impor “limites firmes, mas lhes dando uma liberdade enorme dentro desses limites”. É uma mistura difícil com a qual se familiarizar. Os franceses acham que crianças devem aprender a lidar com frustrações. É uma habilidade essencial para a vida. E “a palavra ‘não’ livra a criança da tirania dos seus próprios desejos”.
Voltando para casa, Pamela Druckerman ficou chocada ao ver as mães americanas seguindo seus filhos pelos parquinhos de diversão, comentando em voz alta todos os seus movimentos – tão diferente das mais distantes mães francesas, que sentam no canto do parque conversando calmamente com amigas, enquanto deixam seus filhos irem em frente.
Outros fatos
As mães francesas são mais calmas quanto à gravidez. Não existem avisos aterrorizantes sobre alimentos e sexo ou apelos por parto natural. Na França, 87% das mulheres tomam anestesia peridural e não parecem incomodadas. A França supera os EUA e a Grã-Bretanha em quase todos os índices de saúde materna e infantil.
As grávidas francesas são mais magras. Para elas, “desejos por alimentos são transtornos que devem ser superados”, e não tolerados porque o feto quer cheesecake.
Os franceses também não mimam seus filhos. As crianças são treinadas a comer de tudo. Sem ceder para comedores exigentes. Sem cardápios especiais para crianças em restaurantes. Aqui vai um menu de quatro pratos servido em creches: palmito com salada de tomate, seguido de peru com manjericão e arroz ao molho de creme à provençal, queijo Saint Nectaire com baguete e kiwi. Nenhum salgadinho à vista.
Eis um texto da mesma autora publicado pelo Wall Street Journal, especialmente para pais: “Why French Parents Are Superior“. Outras lições dos franceses: “Crianças devem dizer Olá, Até logo, Obrigado e Por favor. Isso os ajuda a aprender que eles não são os únicos com sentimentos e necessidades”; “Lembre-se (e lembre as crianças) quem é o chefe. Os pais franceses dizem: “Sou eu que decido”; “Não tenha medo de dizer ‘não’. Crianças precisam aprender a lidar com frustrações”. Muito útil.




Eu nasci com o mar aberto em frente, nasci com horizonte, mar por toda parte, a minha volta,  nos meus ouvidos, mar de sereias e marolas e barcos pendurados no teto da casa de praia de meu avô, mar de rosas brancas, quando chegava o ano bom,  mar de bolas de gude e pipas coloridas e uma solidão tão necessária para se inventar mundos e jogos. A casa da ilha ficava de frente para ele, encarando aquela vastidão bordada de navios lá longe, e a gente adivinhava futuros, trepados nos galhos da mangueira ou no pé de tamarindo. Sempre houve o mar e a certeza de que a travessia, mais cedo ou mais tarde, seria um caminho sem volta. Foi assim que o mar se apresentou, na infância – o mar de calmaria: as tias que traziam os pratos para os almoços de domingo, as primas que cursavam o normal e namoravam os rapazes que vinham jogar vôlei, a família reunida para uma fotografia na escada da varanda, os rostos corados, um universo com cada coisa em seu lugar e os destinos dos filhos previamente traçados. O mar da baía concordava com um murmúrio que não era mais do que um encrespar da superfície. 
A segunda vez em que vi o mar, ele tinha se esquecido de nossa velha intimidade. Eu era pré-adolescente, vivia agoniado com a acne que teimava em marcar meu rosto, odiava os óculos que tinha de usar, não me sentia confortável com meu corpo, com meus pelos, com a vida que se estendia a minha frente. Fomos visitar minha tia que mudara-se para o Leblon.  O mar era outro, então, com ondas imensas que rugiam e engoliam o mundo num turbilhão de espumas. Tinha outra cor, também, de um azul esverdeado intenso e convidativo.  Mas aquele não era o mar que eu conhecia, não havia a cumplicidade de então. Atirei-me de braços abertos, na alegria do reencontro, e ele me envolveu de uma vez só, com fúria e volúpia, traduzindo certamente o meu estado d’alma. Fui jogado de um lado para o outro, o calção de banho arrastado para algum lugar e acabei sendo resgatado, mais morto do que vivo, envergonhado, engolindo o choro na areia, enquanto as primas riam da minha ingenuidade. Demorei algum tempo para entender a geografia daquela rejeição e voltei para a enseada dos meus dias de menino.
A terceira vez em que vi o mar, eu já estava crescido, começava a fazer teatro e passei a freqüentar, como toda a minha geração, aquela faixa de praia que ficou conhecida como Sol Ipanema, o posto nove. Aquele foi o mar de toda uma vida, de todos os nossos sonhos, o mar inquieto das primeiras realizações teatrais, as primeiras personagens, as primeiras noites dormidas fora de casa. Aquele era um mar novo para mim, mas me seduziu de maneira irrecuperável. Foi uma paixão de cinema. Bastou um sorriso, uma lambida fria na areia, e meu coração se deixou levar num abandono de amor primeiro.  Eu não imaginava, entretanto, que os mares poderiam entrar em choque, mas foi exatamente isto que aconteceu. O mar da ilha, com as tias e os empadões de domingo e a vida programada rebelou-se contra aquele outro que sussurrava uma cantiga bem mais sedutora e eu fiquei ali, no meio daquela discórdia, literalmente entre a cruz e a caldeirinha, como minha avó costumava dizer. Mas, no fundo, no fundo, eu já sabia o que queria, de modo que abandonei o noivado, a ilha, o apartamento que meu pai estava comprando e mergulhei naquelas águas que, desta vez eu sabia, iam me receber e encontrar um lugar para mim.
Eu olho para o mar de Fortaleza, neste sábado, e as imagens chegam, como num filme, as lembranças de todos os mares que banharam a minha vida. Faz um dia lindo, o céu é um espetáculo à parte e as imensidões de areia branca imitam nuvens na terra. A natureza hoje está revestida de uma grandeza comovente. Procuro algum sinal de que aquele é um mar novo, mas a cantiga é conhecida e meu coração está finalmente em paz, juntando todos os oceanos numa grande colcha de retalhos – o mar é o mesmo que me envolveu quando menino, nadando ao lado de meu pai ou batendo as pernas no colo de minha mãe, como naquela foto amarelada que está em algum lugar da gaveta dos guardados.
À noite, no belíssimo teatro José de Alencar, com sua estrutura metálica trazida da Escócia, no início do século, e conservado com dedicação e esmero, eu digo o texto da peça com uma alegria nova, descobrindo novos prazeres nas frases, nos olhares, nos gestos – foi o mar, eu tenho certeza, que lavou o cansaço desses dias. Já quase no final, eu me aproximo de Zezé Polessa e digo, na hora em que as personagens se despedem: “Acho que finalmente atravessamos a grande água”. A frase sai cheia de significados e Zezé sorri com os olhos, cúmplice no palco e na vida. Mais um pouco e terminamos a função da noite e os aplausos do público são generosos e cheios de afeto. Eu saio para as coxias e subitamente, como  se tivesse encostado a concha dos meus anos no ouvido, escuto  a voz do mar que canta uma nova canção, tranqüila, serena, como o sopro de mãe no machucado aberto, após aplicar o curativo.  Tantas vezes eu vi o mar e tantas vezes ele se apresentou como uma nova personagem, de modo que aqui, no alto do continente, eu deixo prá trás a memória das tempestades, das incertezas e bebo a benção desse dia, à espera do tempo maior de calmaria.




A lembrança dos teus olhos gosta de me pregar peças e me deixar atordoado. Achei que essa noite ela não viria, mas ela estava apenas tomando um ar, preparando o novo ataque. Fui ver Gal cantando o mestre Tom e, enquanto aquele cristal de voz ia se instalando no meu coração urbano, trazendo todas as melodias, eis que ela chega, imperiosa, essa tua lembrança de olhos molhados. Depois que ela se infiltra, nada mais posso fazer, a não ser ficar quieto, respirando aqui e ali, enquanto ela desfila na passarela dos meus sonhos - e esses teus olhos trazem tanta coisa junto, que as imagens vêm chegando e vão se embaralhando, sem que eu possa impedir: é uma cor de mar depois da chuva, um verde que já nem é verde, mas que às vezes surpreende e me aprisiona no fogo da esmeralda, aquele brilho no coração da pedra. No meio da mata adormecida, que são esses teus olhos, surgem cidades inesperadas - os telhados de Praga, brilhando num sol tímido de inverno; Berlim aprisionada na onda de frio é vista do alto, talvez a visão do pelicano que ficou seu amigo, no zoológico de Amsterdam (não sei se eu cheguei a te dizer, algum dia, mas zoológico, prá mim, sempre foi um lugar muito triste. Não gosto do silêncio dos zoológicos). No meio de tanta cidade brotada do nada, fico eu, como quem está perdido, em busca de uma condução. Mas são coisas da vida e o grande segredo, como já nos ensinou Cecília Meireles é aprender com as primaveras a deixar-se cortar e a voltar sempre inteiro.
Agora é muito cedo ainda, ou muito tarde, e São Paulo dorme, embrulhada numa névoa cinzenta. Daqui a pouco, eu vou rasgar essa nuvem e voar para o Rio e já sei que esses teus olhos vão pousar comigo na pista do Santos Dumont. Por falar nele, eu soube outro dia que foi ele quem inventou o relógio de pulso, uma maneira simples de contar as horas na amplidão dos céus – porque estamos sempre contando as horas, não é mesmo? Eu conto cada momento, até entrar nos teus mistérios.
Gal voltou a cantar no meu coração. Fechei os olhos e lá veio a música, braços abertos sobre a Guanabara. Estou morrendo de saudades – uma saudade de cheiro, uma saudade de mato, aquele pedaço de verde que você trouxe e arranjou sobre uma pedra. Nesse dia você sorria muito, eu lembro. Tou com saudade do teu sorriso. Aquele que não me foi ofertado, mas que está no porta-retrato na frente da minha cama. Acordo e lá está você, a cabeça jogada de lado, num abandono de felicidade. Tou querendo tanto que você me oferte um sorriso, não deve ser tão difícil assim, não é? Mesmo porque eu quero sempre te dar o meu melhor sorriso (e você nunca está realmente bem vestido sem um sorriso, já dizia o homem do programa de rádio, naquele musical sobre a pequena órfã Annie, que assistimos em Londres. Você se emocionou no final e nós ficamos rindo, lembra? Pois é isso aí).
Estou usando o espaço da crônica prá te pedir um sorriso (os leitores são amigos e cúmplices e vão entender meu desvario). Tremo só de pensar que você pode se esquecer de ler minha página na quinta-feira, ou que o tempo acabe apagando a minha lembrança – não a pública que, vez ou outra, vai cruzar seu caminho numa foto de revista, ou numa nota de jornal, mas a lembrança do homem que sente saudades de você e que queria sentir outra vez o teu perfume e mergulhar na lagoa agitada dos teus olhos. Porque eles andam atrás de mim, não tenha dúvida, assombram a minha noite e ajudam a empurrar o carro do sol, quando nasce o dia.
Pode ser que tudo o que você tenha a me oferecer seja mesmo esse sorriso de encomenda. Se for esse o caso, eu vou guardá-lo na gaveta dos guardados e esperar que o tempo se encarregue do resto. Vai ficar lá, esse teu sorriso, voando sobre os telhados de Praga e os cristais da Boêmia, puríssimo e raro, como a voz de Gal cortando a noite e, vez ou outra, eu dou uma espiada e mato um pouco da saudade que me aperta. Mas há uma hora na vida em que a gente precisa ser adulto e olhar as coisas de frente, porque todas as palavras já foram atiradas para o alto e, se não caíram no lugar certo, foi por erro de cálculo e não por falta de vontade – tudo o que eu queria fazer era poesia, acredite.
Por falar em poesia, tenho lido coisas bonitas aqui e ali, tenho saído pouco, tenho tentado rir com amigos e tento descobrir com Ele que traçado é esse de linhas tortas, para escrever direito uma história que deveria ser de amor e só de amor, mas que toma rumos estranhos, assim de repente, contra a minha vontade, contra a sua vontade, como se outras vozes falassem por nós.
Estou escrevendo essa crônica fantasiada de missiva, porque os dias estão correndo cada vez mais rápidos e o século vinte vai se despedindo. Talvez você também queira se despedir, eu não sei. Mas sei que a lembrança dos teus olhos não me deixa quieto, mexe comigo, faz a minh’alma rebentar em flor, como a do poeta, e me acena de longe com a possibilidade de dias felizes.
Eu penso em você.
Se puder, dá uma ligada uma hora dessas. É sempre uma alegria ouvir a tua voz e, pelo que andei assuntando nos livros da vida, a isto se chama amor. Um beijo. Miguel




Hoje estou desatando da memória as imagens de amor. As minhas, as nossas imagens de amor, porque as coisas são como são: no momento em que escrevo e no momento em que você lê, abrimos esses arquivos de imagens geradas a partir do amor, que são - vamos admiti-lo antes que seja tarde - os nossos arquivos prediletos.
Tudo o que realmente nos interessa está arquivado ali. Na câmara escura das nossas recordações. Imagens que vamos recolhendo vida afora. Elas têm nome e uma história para contar, cada uma delas. E nostalgia nada mais é do que a saudade da emoção vivida, num determinado momento que passou veloz. Emoções e emoções e ainda tanta emoção a ser vivida!
Muito além dos indivíduos, além das particularidades. E todas essas químicas se processando no nosso corpo, pois há quem diga que amor nada mais é do que uma sensação provocada, para evitar a loucura da espécie e perpetuar o predador. Uma ilusão passageira, uma descarga de substâncias certas no sistema. Lubrificação. Cuidados com a máquina.
 Seja lá o que for, andei tomando resoluções práticas para a existência.
Porque nunca mais nesta vida quero ter saudade de beijo.
Nunca mais a nostalgia daquele mundo de línguas dançando balé no céu das nossas bocas.
Nunca mais!
 E juro que nunca mais nesta vida quero tentar entender o amor.
Quero deixar que ele passe por mim, como um pé de vento que sopra folhas e poeira num arranjo aprumado.
Eu fico ali, no meio do redemoinho, só achando tudo muito bom.
Depois, o amor se vai e a gente continua a tocar a existência.
Assim é que deve ser.
 Nunca mais nesta vida quero gente se indo. Já está de bom tamanho.
Coração da gente vai absorvendo os golpes: que são muitos e de todos os lados, sempre.
Com quase todo mundo é assim.
De repente, as pessoas começam a ir embora, por morte matada e morrida,
por desamor, por tristeza, por ansiedade, por medos diversos, seu coração vai recebendo as pancadas e uma hora dá vontade de dar um berro, sair vomitando as mágoas todas que a gente foi engolindo.
Nunca mais gente partindo sem motivo aparente, sem dar nome aos bois ou uma denúncia vazia. Nesta vida, nunca mais!
 E nunca mais, nesta breve passagem, a palavra não dita, o gesto parado no ar, dissolvido antes do afago. Nunca mais a dose nossa de orgulho besta,
a solidão das noites perdidas por amor desenganado, o coração parado, à espreita. Isso, não. Quanto mais o tempo passa, mais a urgência da felicidade ilusória e da química do bem-estar, essas coisas todas que se operam em nossos íntimos.
Nunca mais.
Nunca mais um dia atirado ao nada, nunca mais o verbo que não se completa, todas as palavras que não foram ditas - verdades -, todas elas,
uma após a outra, formando frases, pensamentos, sentimentos, amor costurando o texto, que é linha que não refuga de jeito nenhum.
Nunca mais!
O coração se magoando todo o dia, a gente engolindo sapos e lagartos e se esquecendo de que é capaz de mudar cada uma das histórias, reescrever o livro das nossas vidas.
Uma hora mais cedo e a cena teria sido outra ou o que teria acontecido
se você não tivesse ido àquele lugar, àquela noite, quando o universo conspirava contra nós, ou a nosso favor?
Quem é que vai nos explicar?
Ninguém. Ou alguém




Chove no sítio. Uma chuva gorda que vai lavando a terra e deixando tudo com um brilho de esmeralda. Uma frase de Dickens chega de mansinho: não devemos ter vergonha de nossas lágrimas, porque elas são como a chuva que lava a poeira dos nossos corações ressecados. Eu adoro Dickens. Era assim que Esther Jablonski dizia, na montagem de “Mephisto”, na adaptação teatral de Ariane Mnouchkine para o livro de Klaus Mann, há já alguns anos. A chuva cai sobre a serra e eu, de nariz colado na vidraça, lembro daquele momento. Wilker dirigiu e éramos um bando no palco. Entrávamos em cena por ordem alfabética e Luís Maçãs colocava-se logo a minha frente, na penumbra da coxia, à espera do terceiro sinal. Nunca fomos muito íntimos, acho mesmo que o meu exagero às vezes o constrangia, mas era um belo ator no palco e eu fiquei triste quando soube que ele finalmente desistiu de esperar pelo terceiro sinal. Isso também já faz algum tempo. Estranhamente, porém, hoje eu lembro de sua nuca, parado ali, a minha frente, os colegas sussurrando frases, a música que se fazia ouvir, antes de entrarmos em cena. Percebo os contornos de sua silhueta, por detrás da cortina de água que despenca dos céus. Afasto a imagem com dificuldade e tento focar os projetos de árvores que plantei na frente da casa e que, a despeito dos comentários descrentes, de que não vingariam, resistem às intempéries do tempo com um vigor emocionante.
A macieira, que eu plantei ainda outro dia, já floriu e me ofereceu um fruto, pequeno, sem muito viço ou beleza, mas ainda assim um fruto. Digam o que disserem, é uma maçã. Solitária e de cor indefinida, parece grande demais para o caule recém brotado. Mas é um fruto, resultado do próprio esforço e agradeci do fundo do coração. A figueira, irmã de plantio, recusava-se a brotar e eu, na última vez em que estive lá, dei-lhe dois tapas no caule seco e uns gritos bem dados. A preguiçosa deixou de fazer manha e abaixa as folhas tenras sob a chuva que cai, eu vejo daqui. Brotou finalmente, achou que valia à pena.  O galho de amoreira, fincado na terra, não ouviu nenhum apelo e abriu mão de qualquer possibilidade de verde. Simplesmente, deixou-se morrer. As outras árvores em volta, excitadas com a adolescência de botões e flores, parecem não se incomodar com ela. Sua morte é apenas mais um acontecimento na ciranda dos dias. Eu é que fiz um estardalhaço, tentando reanimar a condenada. Tudo em vão. Esqueci daquela máxima que deveria nos nortear a existência: não existem sucessos ou fracassos. O que há são uma fileira de acontecimentos. Depois da chuva, vou arrancá-la da terra e queimá-la na lareira, numa cremação simbólica e rápida. Não há lugar para sentimentalismo na natureza. Tudo é como deveria ser – o pranto fica por conta dos nossos corações apegados e dos céu que, volta e meia, despeja sua mágoa lá de cima. 
Mais tarde, quando a lua brincar no meio do breu e a chuva parar, vai ter uma grande quadrilha de tatus no meio do gramado úmido. Eu tenho certeza de que eles se sabem observados, embora eu não faça nenhum ruído, imóvel, na escuridão da casa.  Aos poucos, eles vão chegando, em fila, cruzando a extensão do gramado, indiferentes aos uivos dos cães. Brincam por ali, agradecidos pelas visitas do final de semana (o que determina a prisão noturna dos cachorros) e, depois, com aquele passo miúdo, desaparecem na mata. Vou deixar algumas frutas no meio do gramado, como oferenda. Eles vão entender.
Olhar a chuva que cai é sempre um exercício para a alma. Uma daquelas coisas que sempre vemos nos filmes e que, de vez em quando, é bom fazer. Olhar fixamente para a paisagem, lavada liberta os nós e deixa nossos corações prontos para navegar no mar da lembrança. É uma forma de meditar, eu acho. E cada vez mais eu acredito que meditação é uma coisa importante, fundamental. Gastamos tanto tempo com o corpo - com a aparência que inevitavelmente vai deteriorar-se - e estamos sempre nos esquecendo de exercitar a mente, na subjetividade. Não os exercícios intelectuais de sempre, não o afiar da lâmina, para que a inteligência seja cada vez mais cortante, mas a suavidade da mente que anda livre por aí, aparando as arestas e abrindo outros horizontes, outros estágios de consciência.
Agora mesmo, parado aqui, a respiração embaçando um retângulo da vidraça, eu desfio um rosário de contas de todas as formas e todos os jeitos, as miçangas mais preciosas de minha vida que me fazem sorrir e me emocionam e me conferem a melhor parte de ser humano. Olho para o mundo sob a água e percebo outros mundos, além, de tanto que olhei para o mesmo quadro. De repente, a vontade de fazer parte daquilo tudo, enfiar minhas raízes terra adentro e só ficar. Um ponto.
Como tenho convidados em casa, pulo a janela do quarto e fico olhando para o vale, enquanto a água é trazida pelo vento em chicotadas de pingos grossos, milhares deles. Um banho de chuva como há muito tempo eu não tinha. Depois, assim como veio, ela se vai e o céu se rasga ao meio, mostrando o papo amarelo. Um cheiro de alfazema entra pelas narinas e há um silêncio de pássaros por toda a parte. De onde virá essa essência, no meio da tarde? Certamente, vem da memória e não da terra encharcada.
Depois é um céu estrelado, um copo de vinho e as janelas abertas durante a madrugada, para que um pensamento voe livre, antes do mergulho do sono: hoje foi um dia de paz.

POEMAS


“POEMA da SAUDADE”
“Em alguma outra vida,devemos ter feito algo muito grave,para sentirmos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta doí.
Bater o queixo no chão doí.
Doí morder a língua,cólica doí, doí torcer o tornozelo.
Doí bater a cabeça na quina da mesa,carie doí,pedras nos rins também doí.
Mas o que mais doí é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma brincadeira de infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade de nós mesmo,o tempo não perdoá.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se Ama.
Saudade da pele,do cheiro,dos beijos.
Saudade da presença,e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto,sem se verem,mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ele para a trabalho,mas sabiam-se onde.
Você podia ficar sem vê-lo,e ele sem vê-la,mas sabiam-se amanhã.
Contudo,quando o Amor de um acaba,ou torna-se menor no outro.
Sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber se ele continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Se aprendeu a entrar na internet,se aprendeu a ter calma no trânsito.
Se continua preferindo cerveja a uísque(e qual a cerveja)
Se continua sorrindo com aqueles olhos apertados,e que sorriso lindo.
Será que ele continua cantando aquelas mesmas musicas tão bem(ao menos eu admirava)?
Será que ele continua fumando e se continua adorando Mac Donald's?
Será que ele continua não amando os livros,e ela cada vez mais?
E continua não gostando de dar longas caminhadas,e ela não assistindo televisão?
Será que ele continua gostando de filmes de ação,e ela de chorar em comédias.
Será que ela continua lendo os livros que já leu?
Será que ele continua tossindo cada vez que fuma?
Saber é não saber mesmo!!!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais longos,não saber como encontrar
tarefas que lhe cessem o pensamento.
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música,não saber como vencer a dor
de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ele está com outra,e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz,e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro,se ele está mais belo.
Saudade é nunca mais saber de quem se Ama e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti(e sinto) enquanto estive escrevendo e o que você (deveria)
provavelmente estar sentido agora depois que acabou de ler.”
Quem inventou a distância nunca sofreu a dor de uma saudade!!!Miguel Falabella 
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."


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Hoje estou desatando da memória as imagens de amor. As minhas, as nossas imagens de amor, porque as coisas são como são: no momento em que escrevo e no momento em que você lê, abrimos esses arquivos de imagens geradas a partir do amor, que são - vamos admiti-lo antes que seja tarde - os nossos arquivos prediletos.
Tudo o que realmente nos interessa está arquivado ali. Na câmara escura das nossas recordações. Imagens que vamos recolhendo vida afora. Elas têm nome e uma história para contar, cada uma delas. E nostalgia nada mais é do que a saudade da emoção vivida, num determinado momento que passou veloz. Emoções e emoções e ainda tanta emoção a ser vivida!
Muito além dos indivíduos, além das particularidades. E todas essas químicas se processando no nosso corpo, pois há quem diga que amor nada mais é do que uma sensação provocada, para evitar a loucura da espécie e perpetuar o predador. Uma ilusão passageira, uma descarga de substâncias certas no sistema. Lubrificação. Cuidados com a máquina.
 Seja lá o que for, andei tomando resoluções práticas para a existência.
Porque nunca mais nesta vida quero ter saudade de beijo.
Nunca mais a nostalgia daquele mundo de línguas dançando balé no céu das nossas bocas.
Nunca mais!
 E juro que nunca mais nesta vida quero tentar entender o amor.
Quero deixar que ele passe por mim, como um pé de vento que sopra folhas e poeira num arranjo aprumado.
Eu fico ali, no meio do redemoinho, só achando tudo muito bom.
Depois, o amor se vai e a gente continua a tocar a existência.
Assim é que deve ser.
 Nunca mais nesta vida quero gente se indo. Já está de bom tamanho.
Coração da gente vai absorvendo os golpes: que são muitos e de todos os lados, sempre.
Com quase todo mundo é assim.
De repente, as pessoas começam a ir embora, por morte matada e morrida,
por desamor, por tristeza, por ansiedade, por medos diversos, seu coração vai recebendo as pancadas e uma hora dá vontade de dar um berro, sair vomitando as mágoas todas que a gente foi engolindo.
Nunca mais gente partindo sem motivo aparente, sem dar nome aos bois ou uma denúncia vazia. Nesta vida, nunca mais!
 E nunca mais, nesta breve passagem, a palavra não dita, o gesto parado no ar, dissolvido antes do afago. Nunca mais a dose nossa de orgulho besta,
a solidão das noites perdidas por amor desenganado, o coração parado, à espreita. Isso, não. Quanto mais o tempo passa, mais a urgência da felicidade ilusória e da química do bem-estar, essas coisas todas que se operam em nossos íntimos.
Nunca mais.
Nunca mais um dia atirado ao nada, nunca mais o verbo que não se completa, todas as palavras que não foram ditas - verdades -, todas elas,
uma após a outra, formando frases, pensamentos, sentimentos, amor costurando o texto, que é linha que não refuga de jeito nenhum.
Nunca mais!
O coração se magoando todo o dia, a gente engolindo sapos e lagartos e se esquecendo de que é capaz de mudar cada uma das histórias, reescrever o livro das nossas vidas.
Uma hora mais cedo e a cena teria sido outra ou o que teria acontecido
se você não tivesse ido àquele lugar, àquela noite, quando o universo conspirava contra nós, ou a nosso favor?
Quem é que vai nos explicar?
Ninguém. Ou alguém

segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Teste molecular é capaz de detectar câncer de próstata em MG

Pesquisa inédita foi desenvolvida por um pesquisador de Uberlândia. 
Segundo urologista, 75% dos pacientes fazem biópsia sem necessidade.

Teste molecular detecta câncer de próstata em Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)Teste é realizado em laboratório genético de
Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)
Um exame menos invasivo e que pode amenizar a resistência de muitos homens em realizar o tradicional teste de toque para detecção de problemas na próstata é realizado por um laboratório em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Desenvolvido por um pesquisador mineiro, o procedimento é feito a partir da coleta de sangue de onde é extraída uma molécula das células sanguíneas para análise laboratorial.
Em 2003, o pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Luiz Ricardo Goulart, idealizou a Pesquisa Câncer de Próstata (PCaP) a frente de uma equipe de urologistas e sob financiamento de um laboratório genético do município. Constatada a eficácia nos resultados, o exame já foi aplicado em mais de 1.000 brasileiros. "Nesses anos todos de testes foram avaliados 600 homens na UFU e mais, aproximadamente, mil pessoas em todo o Brasil. A tendência é que ele se torne cada vez mais conhecido e procurado", disse.
Luiz Goulart comentou que o exame molecular é realizado há nove anos em Uberlândia, mas esbarra na falta de conhecimento por parte dos profissionais da área da medicina urológica. Conforme o pesquisador, o exame é comprovado cientificamente, tem permissão legal para a comercialização, mas ainda não é recomendado como exame de rotina, tal qual o de toque e o de biópsia. Além disso, o PCaP é realizado apenas pelo laboratório credenciado que subsidiou a pesquisa, ou seja, todas as coletas realizadas em outras localidades são encaminhadas a Uberlândia para análise.
 Eficácia e preço
Segundo o pesquisador, outros estudos já foram feitos utilizando distintas formas para constatação do câncer de próstata, o PCaP foi um dos poucos que deram resultados imediatos. "Na mesma época que estávamos desenvolvendo o teste de molécula, uma equipe estrangeira também patenteou um exame semelhante, só que utilizando a urina. O deles custa de US$ 350 a US$ 500 e o nosso é cerca de R$ 250, bem mais em conta", garantiu Luiz Ricardo.
Ainda de acordo com o pesquisador, não apenas pelo custo mais acessível em relação às pesquisas no exterior, o PCaP também é mais objetivo que os demais. "O exame no exterior, através da urina, requer massagem prostática e o daqui utiliza o marcador molecular PCA3, que é feito através do exame de sangue normal, para depois retirarmos a molécula de RNA das células circulantes, que são relativas a prováveis células tumorais. É muito menos invasivo e mais objetivo que o toque e a biópsia", explicou Goulart.
A partir da quantificação dos resultados, pode-se descobrir que pacientes que apresentam acima de 10 nanogramas (ng/ml) tem uma probabilidade muito grande de portar câncer. A precisão do exame, hoje, é de quase 80%, com índice de especificidade avaliado em até 93%, facilitando o urologista a detectar o tumor e dar início ao tratamento. Após a coleta de sangue, o resultado leva de 7 a 15 dias para ficar pronto.
Urologia e PCaP
O teste não substitui o exame de toque e a biópsia, mas tem a função de identificar e avaliar o tratamento do paciente de forma mais precoce, selecionando os pacientes que têm necessidade de fazer a biópsia ou não.
Teste molecular detecta câncer de próstata em Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)Médico Danielo de Freitas e pesquisador Luiz Goulart
trocam informações sobre o PCaP
(Foto: Caroline Aleixo/G1)
Médico urologista há mais de 15 anos, Danielo de Freitas foi um dos pioneiros em indicar o exame molecular aos pacientes. Segundo ele, a maioria é orientada a fazer a biópsia, mas aproximadamente 75% dos homens que fazem o exame não têm PSA positivo – um antígeno prostático específico usado para o diagnóstico.
"Estamos fazendo a biópsia em um número de pacientes muito grande, sem tanta necessidade. Em 2/3 destes, não é apresentada nenhuma alteração cancerígena. O teste PCaP melhora a especificidade da avaliação do câncer de próstata, avalia e identifica melhor o paciente, sem que ele precise fazer a biópsia de imediato", defendeu.
Caso o paciente apresente altos índices de PSA, ele deverá ser encaminhado para fazer a biópsia. Nos antígenos com pequena alteração, os exames devem ser mais frequentes e ao invés de serem anuais, as consultas deverão ser realizadas de quatro em quatro meses.
Prevenção
A próstata é uma glândula que tem várias funções no organismo e produz o líquido espermático e prostático, que respondem a 30% do volume do esperma e auxilia na fertilidade do homem. Ela ainda funciona como uma válvula para continência urinária.
A partir dos 30 anos de idade, a glândula cresce, invariavelmente, para todos os homens. Esse crescimento é benigno e particular dependendo da tendência genética, mas com o tempo esse crescimento pode acarretar inflamações e infecções em alguns pacientes, além do câncer.
Segundo Danielo de Freitas, mesmo com campanhas de prevenção, tratamentos e vários métodos disponíveis no mercado, ainda existe uma resistência muito grande em tratar a próstata e fazer exames de rotina. "Nós utilizamos o PCaP para detectar o câncer e também outras disfunções da próstata. Como ele não é incômodo e nem constrangedor como o de toque, veio para somar às ferramentas que temos hoje e é o que eu indico aos meus pacientes no primeiro momento", finalizou o médico.

ÚLTIMA NOTICIAS SOBRE O CÂNCER

 Congresso Americano de Oncologia Clínica de 2012 ( ASCO ), iniciado em 1º de junho de 2012, 
em Chicago, foram apresentados novos dados positivos sobre um novo medicamento que  
melhora o tratamento do câncer de mama metastático do tipo HER2-positivo – um dos tipos
 mais agressivos, que acomete até 20% das pacientes. Os resultados demonstraram que  a 
droga T-DM1, ainda não aprovada pelo FDA e portanto não comercializada, consegue prolongar
a sobrevida e retardar a evolução da doença nessas pacientes, sem causar os efeitos
 colaterais típicos da quimioterapia. Um novo  estudo clínico com o medicamento foi 
apresentado com destaque neste domingo em sessão plenária, durante a ASCO.
O T-DM1 está em fase final de testes. Ele é formado pela combinação do anticorpo
 monoclonal Trastuzumabe ( Herceptin ) e pelo quimioterápico emtansine (DM1). As duas 
substâncias já existiam no mercado, sendo que o trastuzumabe é usado rotineiramente no 
tratamento do câncer. A diferença é a combinação de duas drogas de mecanismos 
diferentes para potencializar e direcionar o efeito terapêutico. Juntas, elas conseguem ter
 uma ação mais específica, atuando virtualmente apenas nas células malignas. O Herceptin se
 liga às células malignas com o receptor  HER2 na sua membrana celular.. Uma vez que esse 
primeiro passo é dado, o quimioterápico emtansine é então injetado para dentro da célula,
 levando à  sua destruição . Sendo uma terapia direcionada  os efeitos colaterais são
 minimizados pois não  ataca as células saudáveis do corpo , evitando vômitos,  queda de
 cabelo e diarreia.
Pesquisas – O estudo foi realizado com 991 pacientes (cerca de 50 brasileiros), sendo que todas 
já haviam sido tratadas apenas com trastuzumabe. Metade do grupo recebeu, então, T-DM1, e
 a outra metade o tratamento padrão com os quimioterápicos lapatinibe e capecitabina. 
Aquelas que tomaram o T-DM1 não apresentaram progressão da doença por um tempo 35%
 maior — ficaram, em média, 9,6 meses sem o avanço da doença, contra 6,4 meses no grupo controle.
Das pacientes que tomaram o T-DM1, 43,6% tiveram os tumores reduzidos, enquanto apenas 

30,8% do grupo controle apresentaram redução. A sobrevida com a nova droga também foi
 maior. No grupo que recebeu o medicamento, houve um aumento de 7,1 meses na 
qualidade de vida — sem nenhum sintoma. No grupo que recebeu os quimioterápicos tradicionais,
 o aumento foi de 4,6 meses.
De acordo com a Roche, farmacêutica responsável pelo T-DM1, a droga deve ser submetida para 
aprovação da Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, sigla em inglês) e para a
 Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) ainda este ano.
Infelizmente no Brasil, devido a burocracia vigente, com sorte o medicamento poderá chegar, 
ao país em 2014.
Texto editado pelo Dr. Eduardo Johnson - Oncotek
Lançamento de Zelboraf em Junho de 2012 no Brasil
Apesar do atraso de quase 1 ano e relação aos Estados Unidos, o medicamento 

deve estar disponível no Brasil no final de junho de 2012..
A busca pela cura ou a prevenção do câncer é interminável, A cada ano que passa, a ciência nos 
apresenta mais novidades para ajudar os pacientes com a doença. Na semana passada, a
 Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos aprovou a pílula
 Zelboraf para pacientes com melanoma em etapa avançada ou inoperável, em particular em 
casos que apresentam uma mutação genética.
Um novo medicamento para tratar o câncer avançado de pele ou melanoma metastático
 duplicou praticamente o tempo médio de sobrevida, revela um estudo realizado com 130 
pacientes e divulgado nesta quarta-feira nos Estados Unidos.
Desenvolvido pela Genentech, filial americana do gigante suíço Roche, a droga "Zelboraf" foi
 aprovada pela agência de controle de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos em 
agosto de 2011, o que a torna o primeiro novo tratamento contra o melanoma em 13 anos.
zelborafA pílula é voltada para o tratamento de pacientes com t
umores cancerosos, dos quais, expressam uma mutação
 genética chamada BRAF V600E, um tipo de proteína 
regularizadora do crescimento das células do corpo, que 
sofre mutações em cerca da metade dos pacientes com 
melanoma avançado.
O estudo mais recente, cujos resultados foram publicados 
pelo New England Journal of Medicine, acompanhou 132 pacientes em 13 centros médicos de 
Estados Unidos e Austrália.
Os pacientes tratados com o "Zelboraf" viveram em média 15,9 meses, contra uma expectativa de 
nove meses após a metástase.
"Sabíamos que este medicamento reduzia os melanomas em grande parte dos pacientes e
 que funcionava melhor que a quimioterapia, mas ainda não sabíamos que viviam mais tempo",
 disse Antoni Ribas, principal autor do estudo e professor de hematologia e oncologia do Jonsson 
Cancer Center, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
O "Zelboraf" pode ser utilizado para tratar a metade dos pacientes com melanoma metastático,
 ou cerca de 4 mil pessoas nos Estados Unidos anualmente, segundo os pesquisadores.
 Tomado em forma de comprimido duas vezes ao dia, o "Zelboraf" age bloqueando uma proteína 
ligada ao crescimento celular em pacientes com melanoma avançado cujos tumores mostram 
a mutação genética conhecida por BRAF V600E.
No total, 53% dos pacientes com esta mutação obtiveram redução de seus tumores em mais de
 30%, enquanto outros 30% experimentaram reduções menores. A droga não provocou resposta em 
14% dos pacientes.
Um inconveniente é que os pacientes parecem desenvolver resistência ao tratamento com o tempo,

 mas os cientistas estão tratando de encontrar maneiras de evitar que isto ocorra, disse Ribas.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, 68.130 novos casos de melanoma foram diagnosticados
 nos Estados Unidos em 2010, com 8.700 óbitos.
A Organização Mundial de Saúde estima que o câncer de pele provoca 66 mil óbitos ao ano em todo 
o mundo, e 80% são atribuídos aos melanomas.
Chegou-se a conclusão de que a pílula Zelboraf é segura e que obtém-se resultado devido a 
uma prova clínica internacional em 675 pacientes com melanoma em estágio avançado que 
apresentava mutação, mas que não tinham recebido tratamento algum.
Texto editado pelo Dr. Eduardo Johnson - Oncotek

Lançado no Brasil novo tratamento para câncer de 

próstata: ABIRATERONA

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A abiraterona foi aprovada este mês no
 Brasil para ser usada por homens com 
câncer de próstata "resistente à castração" 
(que não respondem ao tratamento com
 hormonios) e que já não estavam 
respondendo a quimioterapia convencional. 
A abiraterona mostrou que pode prolongar 
a vida de homens com estágio avançado de 
câncer de próstata.
Dados de um Estudo financiado pela 
empresa fabricante do farmaco, Cougar
 Biotechnology, publicado no New 
England Journal of Medicine, 
mostraram que dos 1200 homens que foram separados para receber abiraterona juntamente 
com a prednisona ou placebo e prednisona, aqueles que receberam abiraterona sobreviveram por 
quase 15 meses, em comparação com 11 meses para os homens que tomaram o placebo.
 A dor também foi menor em um grande numero de pacientes tratados com abiraterona versus
 o grupo placebo (44% x 27%).
A abiraterona foi descoberta no Cancer Research UK, Londres. O professor Johann de Bono 
do ICR (Instituto de pesquisa de cancer) e The Royal Marsden Hospital conduziu estudos clínicos 
que culminaram na aprovação da droga pelo FDA e agora pela ANVISA.
A abiraterona bloqueia a síntese de testosterona que as células do cancer de próstata precisam

 para crescer. Ela foi projetada para bloquear a produção de hormônios masculinos em todos os 
tecidos, visando a CYP17, uma enzima essencial envolvida na síntese hormonal. A droga é 
particularmente útil para o tratamento de pacientes "resistentes à castração", forma agressiva 
de cancer de próstata, que parou de responder ao tratamento hormonal padrão. É uma conquista 
enorme transformar uma ideia em uma droga que oferece aos pacientes um tratamento seguro e eficaz.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a incidência do câncer de próstata deverá
 chegar a 40% no mundo nos próximos 25 anos. Varios institutos de pesquisa no mundo todo tem 
se empenhado na descoberta de novas opções de tratamento para os homens que já são 
estatística e para aqueles que, infelizmente, ainda farão parte dela.
As novas opções de tratamento que tem surgido devem ser muito comemoradas por 

pacientes, familiares e sociedade porque nós, da Oncotek, também estamos esperançosos 
com os resultados promissores dessa nova droga.
Texto elaborado pela Dr. Olga - Oncotek
Últimas novidades para o tratamento do câncer
O Congresso da ASCO ( American Society Clinical Oncology ), realizada em junho de 2011 em
 Chicago, apresenta ao mundo as últimas conquistas relacionadas ao câncer.
O melanoma, o tipo mais grave e letal de câncer de pele, que pode se disseminar para qualquer 
órgão e para o qual existem poucas opções terapêuticas, foi um grande destaque do 
congresso.  Foram apresentadas duas novas modalidades terapêuticas para o tratamento
 do melanoma metastático.
A primeira já lançada comercialmente nos Estados Unidos, é um anticorpo monoclonal,
o Ipilimumab, YERVOY, que se liga ao CTLA-4 na superfície dos linfócitos, tendo como 
resultado um aumento da resposta imunológica. Funciona como se retirasse o “freio” 
do sistema de uma maneira analógica e nesta condição a célula maligna do melanoma 
seria reconhecida como um “corpo estranho” e destruída. Entretanto foram observados
 efeitos colaterais semelhantes a doenças auto-imunes, como diarréia e reações
 cutâneas. De qualquer modo o beneficio alcançado compensa eventuais efeitos 
colaterais. Espera-se seu lançamento no Brasil para o final deste ano dependendo 
das agências reguladoras e do interesse da indústria farmacêutica.
O outro medicamento, que espera liberação pelo FDA para ser comercializado nos 
Estados Unidos, é uma droga “inteligente”, ou seja, ataca um dos fatores desencadeantes 
da proliferação da célula maligna, neste caso a mutação V600E do gene BRAF, que 
ocorre em mais de 50% dos casos de melanoma. O Vemurafenib, no estudo
 apresentado no congresso, reduziu o risco de morte pelo melanoma metastático
 em 74%, quando comparado ao grupo que utilizou a quimioterapia tradicional como 
controle. Os resultados foram tão importantes que os pacientes do grupo controle passaram
a utilizar o medicamento em teste.
A ONCOTEK, já solicita a verificação das mutações em BRAF 
e em c-KIT, em todos pacientes com melanoma metastático 
desde 2009, quando foram publicados estudos demonstrando
 a importância destes genes neste grupo de pacientes. A 
terapia personalizada se torna uma realidade com as novas drogas
 baseadas em mutações da célula
 maligna, sendo que o câncer de pulmão atualmente só deve ser tratado 
após analise genética.

Pesquisa mostra que álcool aumenta risco de câncer

Cientistas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, 
divulgaram nesta quarta-feira (22) a primeira evidência de que a 
bebida alcoólica pode ser cancerígena. A descoberta surge quase 
30 anos depois dos primeiros estudos da área levantarem uma ligação 
entre o consumo de álcool e certos tipos de tumor.
Líder do estudo, a pesquisadora Silvia Balbo afirmou em encontro na 
Filadélfia que o corpo humano quebra as moléculas do álcool que
 existem na cerveja, no vinho e nos licores. Este processo de 
metabolização forma o acetaldeído, que tem estrutura semelhante a de
 um composto conhecido por ser cancerígeno: o formaldeído, ligado a 
tumores nos pulmões, no nariz, no cérebro e no sangue (leucemia) humano. 
A substância, diz Silvia, também traz sérios danos ao DNA, o que pode 
acarretar anomalias no organismo da mesma forma como age o câncer.
“Nós, agora, temos a primeira evidência de que o  acetaldeído processado
 após o consumo de bebida prejudica drasticamente o DNA”, explicou 
Silvia no 244º Encontro Nacional da Sociedade Americana de Química.
A pesquisa foi feita em três semanas com dez voluntários que tinham de 
beber doses crescentes de vodca uma vez por semana. O grupo descobriu
 que os níveis de alteração do DNA aumentavam até 100 vezes horas após
 a ingestão da bebida, assim como nas células sanguíneas. Só após 24 
horas é que as taxas voltavam ao normal.
Silvia alerta que a maioria das pessoas tem um mecanismo de defesa, a 
enzimadesidrogenase, que transforma o acetaldeído em acetato, uma 
substância inofensiva para o corpo. Além disso,  ela pontua, é pouco
 provável que o câncer se desenvolva em pessoas que bebam pouco ou 
apenas socialmente, apesar de o álcool estar associado a outros
malefícios sociais.
No entanto, 30% dos asiáticos, cerca de 1,6 bilhão de pessoas, não têm 
essa enzima protetora. Como não conseguem "destruir" a substância
 cancerígena, eles estão mais propensos a adquirir câncer.
Bebida altera DNA e pode causar câncer, mostra pesquisa
PESQUISA INDICA QUE CHÁ VERDE PROTEGE CONTRA ALZHEIMER E CÂNCER
cha verde proteção câncer alzheimer
Estudo britânico afirma que compostos benéficos do chá são ativos mesmo depois da digestão. Ed Okello, coordenador do estudo, acredita que os benéficios do chá ficam ativos no corpo mesmo depois da digestão.
Um estudo da Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, indica que o chá verde pode proteger o cérebro de doenças como o Mal de Alzheimer e outros tipos de demência. A pesquisa, divulgada na publicação especializada "Phytomedicine", também sugere que o antigo remédio chinês que tem se popularizado no mundo todo também pode ter um papel muito importante na proteção do corpo contra o câncer.
No estudo, os cientistas investigaram se as propriedades benéficas do chá verde, que já tinham sido comprovadas no chá recém-preparado e não digerido, ainda se mantinham ativas uma vez que o chá fosse digerido.
De acordo com Ed Okello, professor da Escola de Agricultura, Alimento e
 Desenvolvimento da Universidade de Newcastle e que liderou o estudo, a 
digestão é um processo vital para conseguir os nutrientes necessários, mas
 também significa que nem sempre os compostos mais saudáveis dos alimentos 
serão absorvidos pelo corpo, podendo se perder ou modificar no processo.
"O que foi realmente animador neste estudo é que descobrimos que, quando o chá 
verde é digerido pelas enzimas do intestino, os compostos químicos resultantes
 são até mais eficazes contra gatilhos importantes do Alzheimer do que a forma não 
digerida do chá", disse. "Além disso, também descobrimos que os compostos 
digeridos (do chá verde) tinham propriedades contra o câncer, desacelerando 
de forma significativa o crescimento de células do tumor que usamos em nossas experiências."
Chás verde e preto - Dois compostos já são conhecidos por seu papel
 importante no desenvolvimento do Alzheimer, o peróxido de hidrogênio e uma 
proteína conhecida como beta-amiloide.
Pesquisas anteriores mostraram que compostos conhecidos como polifenóis, 
presentes nos chás verde e preto, tem propriedades neuroprotetoras, pois se
 ligam a compostos tóxicos e protegem as células do cérebro.
Quando ingeridos, os polifenóis são quebrados e produzem uma mistura de
 compostos. Foram estes compostos que os cientistas de Newcastle testaram.
"É uma das razões pela qual temos que ser tão cuidadosos quando fazemos
 afirmações a respeito dos benefícios para a saúde de vários alimentos e suplementos", 
disse Okello."Existem certos compostos químicos que sabemos que são benéficos e podemos identificar alimentos que são ricos nestes compostos, mas o que acontece 
durante o processo de digestão é crucial para saber se estes alimentos estão mesmo nos fazendo bem."
Proteção de células - Os cientistas usaram modelos de células de tumor, expondo 
estas células a várias concentrações de diferentes toxinas e aos compostos do chá verde digerido.
"Os compostos químicos digeridos (do chá) protegeram as células (saudáveis), evitando 
que fossem destruídas pelas toxinas", disse Okello. "Também observamos que eles
 afetaram células cancerosas, desacelerando de forma significativa seu crescimento."
"O chá verde é usado há séculos na medicina tradicional chinesa, e o que temos aqui
 dá provas científicas do porquê pode ser eficaz contra algumas das doenças mais importantes que enfrentamos hoje", acrescentou.
fonte: BBC Brasil