terça-feira, 16 de outubro de 2012

5 Boas-novas contra o Câncer


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A ciência não mede esforços para encontrar a cura 
desta que é uma das doenças que mais matam em 
todo o mundo. Conheça agora as novidades em diagnóstico, tratamento e prevenção.

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Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos, podendo 
espalhar-se para outras regiões do corpo. Dito assim, nem parece grave, não é mesmo? 
Mas o fato é que a doença está entre as maiores causas de mortalidade em todo o 
mundo e o número de vítimas não para de crescer.
Um levantamento da American Cancer Society mostrou que, em 2007, foram registrados
 mais de 12 milhões de novos casos e 7,6 milhões de pessoas morreram por causa da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que as mortes aumentarão em 45%
até 2030, devido, em parte, ao crescimento demográfico e ao envelhecimento da população.
Outros fatores desencadeantes são tabagismo, má alimentação, obesidade, sedentarismo, estresse e herança genética. A boa notícia é que a ciência desenvolve tratamentos menos dolorosos, drogas mais eficazes e diagnósticos mais rápidos e precisos. "Não acredito que chegaremos à cura tão cedo, mas, certamente, a medicina vai encontrar meios para que os pacientes convivam com a doença de forma controlada, como já acontece com o diabetes e a hipertensão", defende Max Mano, oncologista e pesquisador do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Veja o que há de mais novo na pesquisa científica sobre o câncer.

1 - PREVENÇÃO É POSSÍVEL

Sim, é possível adotar medidas preventivas contra o câncer. O consumo de tabaco, por exemplo, eleva de forma significativa o risco para se contrair diferentes tipos de tumores. A má alimentação está associada a aproximadamente 20% da incidência nos países emergentes. A obesidade é fator de risco para o câncer de mama, do endométrio, do rim e da vesícula biliar. Infecções virais e bacterianas são a causa de 26% de todos os cânceres que surgem nesses países.
Portanto, hábitos saudáveis, como abolir o cigarro e reduzir o consumo de álcool, acredite, dão resultado. Uma dieta rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais, óleos vegetais e peixes fortalece o sistema imunológico e colabora para a produção de células saudáveis. Atividades físicas aeróbicas - como nadar, caminhar e andar de bicicleta por, no mínimo, 30 minutos, 2 a 3 vezes por semana - e rotina de check-up anual são medidas aprovadas e indicadas pelos médicos para afastar o risco da doença.
Os especialistas apontam ainda que políticas públicas são grandes aliadas no combate a esse mal. Na década de 1980, a Austrália instituiu um programa nacional contra câncer de pele que orientava a população sobre os malefícios dos raios ultravioleta (UV). Atualmente, a iniciativa é reconhecida como a mais abrangente, bem fundamentada e duradoura entre todas as campanhas de prevenção contra os tumores cutâneos. "O governo precisa se envolver nas campanhas preventivas porque o custo do tratamento é muito alto para o sistema público de saúde", defende Max Mano.

2 - ESPERANÇA DAS VACINAS

O vírus papiloma humano, mais conhecido pela sigla HPV, é o grande vilão nos casos de câncer de colo de útero. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, em 2006, foram registrados mais de 19 mil casos de tumores do colo do útero e cerca de 10 mil mortes em todo o Brasil. "Já existe produção de vacina contra esse vírus, o que concorre diretamente para a diminuição do número de casos", esclarece o oncologista do ICESP.
A vacina pode ser prescrita por ginecologista e não há necessidade de exame Papanicolau prévio, embora este ainda seja o método mais eficaz para detecção do vírus. São administradas três doses: a segunda deve ser tomada no mês subsequente à primeira dose, e a terceira, seis meses depois. Ainda estão sendo feitos estudos para saber se, depois de dez anos, seria necessário um reforço. Até o momento, um levantamento com mais de 700 mulheres entre 15 e 25 anos, conduzido em 28 centros no Brasil, Canadá e EUA, revelou 100% de eficácia por cerca de seis anos e meio.
Outra vacina eficaz é aquela contra o vírus da hepatite B e C, disponível na rede pública de saúde. Já se sabe que ela diminui a incidência de câncer de fígado em grupos de risco (indivíduos debilitados pelo álcool, portadores de HIV e profissionais de saúde sujeitos a contaminações desse tipo).


3 - CADA PESSOA TERÁ SEUS GENES MAPEADOS

A origem do câncer, na maioria dos casos, se dá por conta de hábitos de vida e fatores externos; há, no entanto, uma porcentagem de casos de origem genética. Contra isso, a medicina tem uma nova esperança: o mapeamento genético. O conhecimento sobre como os genes atuam na formação de doenças hereditárias levará a uma mudança da prática médica. A expectativa da American Cancer Society é a de que, até 2020, as descobertas científicas na área permitirão a manipulação genética para tratamento e prevenção da doença; e, até 2030, o perfil genético do tecido canceroso indicará como o tumor se desenvolverá, qual será a sua resistência ao tratamento e as melhores drogas para combatê-lo.
Hoje, o mapeamento genético já é uma técnica aplicada a pacientes com histórico de câncer na família. Os tumores mais associados são: câncer de mama, cólon, reto, ovário e tireoide. "Identificada a predisposição, são adotadas medidas preventivas, como o uso de medicamentos quimiopreventivos , e mesmo a realização de cirurgias antes que a doença se desenvolva", enumera o coordenador do serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, André Murad.
Os obstáculos à disseminação dessa prática são o alto custo dos testes, cerca de R$ 3 mil, e apenas em casos excepcionais é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS); e a ansiedade gerada pela indicação ao exame. "Todo paciente ou parente direto submetido a teste genético de predisposição ao câncer deve ser amplamente orientado quanto às suas implicações", esclarece Murad.




A medicina já consegue traçar o perfil genético de tumores de mama e de pulmão e
criar remédios específicos

4 - TRATAMENTO PERSONALIZADO

A grande dificuldade no combate à doença é que um mesmo tipo de tumor difere de uma pessoa para outra, e mesmo as células de um único câncer podem ser diferentes entre si. Além disso, duas pessoas com o mesmo tipo de câncer podem responder de formas diversas ao tratamento. Por último, o câncer é extremamente mutável. Frequentemente um paciente deixa de responder a uma terapia porque o tumor se tornou resistente à medicação.
A medicina avançou de forma espetacular na compreensão dos mecanismos envolvidos no comportamento das células cancerosas. Agora é possível traçar o perfil genético de tumores como os de mama e de pulmão. Essas informações, aliadas à análise genética do próprio paciente, levaram à criação de remédios bastante específicos. São as drogas que formam as terapias-alvo - as quais costumam ser associadas aos quimioterápicos tradicionais. Esses medicamentos, também chamados de biológicos, impedem a proliferação das células tumorais sem afetar suas vizinhas saudáveis. "O tratamento personalizado é, sem dúvida, uma evolução natural e a estratégia terapêutica de maior eficácia num futuro próximo. Dentro de algumas décadas será possível detectar a anormalidade do tumor e prescrever a droga correta", aposta Max Mano.

5 - DIAGNÓSTICOS MAIS PRECISOS

As universidades de Durham, na Inglaterra, e a de Maryland, nos EUA, estão desenvolvendo um exame para detectar o câncer de próstata em apenas três minutos. O exame, feito a partir de uma amostra de fluido da próstata, mede a queda nos níveis de citrato, molécula que apresenta redução nos primeiros estágios da doença.
Outra novidade é a descoberta de uma enzima responsável pelo alastramento da doença pelo corpo. Em um estudo publicado na Cancer Cell, pesquisadores ingleses afirmam que a enzima LOX é crucial na evolução da metástase. Essa enzima envia sinais para preparar a área que será atingida pelas células cancerígenas. Sem esse aviso, o ambiente pode ser muito hostil. Ao bloquear a "viagem" da enzima pelo corpo, o organismo tem condições de contra-atacar e eliminar as células tumorosas.

PREVENÇÃO AINDA É A TERAPIA MAIS EFICAZ

No Brasil, a população está cada vez mais urbana. A alteração no estilo de vida mudou também os hábitos alimentares e levou a um surto de obesidade. Um relatório, publicado em fevereiro deste ano pelo Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer (World Cancer Research Fund) e pelo Instituto Norte-Americano de Pesquisa do Câncer (American Institute for Cancer Research), apresentou os últimos resultados de um estudo sobre prevenção da doença por meio de dieta, nutrição e controle da gordura corporal realizado nos EUA, Reino Unido, China e Brasil. Por aqui, a pesquisa verificou que:
*** 30% dos principais tipos de câncer (estômago, pulmão, mama, útero e colorretal) podem ser evitados se houver uma rotina de alimentação adequada, peso corporal saudável e atividade física
*** 28% dos casos de câncer de pulmão e 37% dos casos de câncer colorretal podem ser evitados se esses hábitos fizerem parte do cotidiano
**** 12% de todos os tipos de câncer podem ser evitados se a mesma rotina for adotada.
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1 - A CIRURGIA ACELERA A METÁSTASE


Você já deve ter ouvido alguém falar que um tumor evoluiu depois da cirurgia. "O médico abriu e fechou", dizem. Ledo engano. "Hoje, a cirurgia cura mais de 50% dos doentes de câncer, não influenciando o crescimento do tumor. A sensação que as pessoas têm de que isso ocorre é porque o tumor cresce exponencialmente, ou seja, duplica de tamanho em intervalos de tempo. Portanto, nas fases mais avançadas esse aumento é muito mais rápido e nítido, independente de o paciente ter sido operado ou não. Coincidentemente, alguns pacientes operados em estágio avançado têm o crescimento tumoral mais rápido após a cirurgia, mas isto aconteceria mesmo sem a intervenção", explica o cirurgião Wilson Pollara, coordenador do centro cirúrgico do ICESP.

2 - EU NÃO SOU DO GRUPO DE RISCO

Se existe uma verdade sobre o câncer é que esta é uma doença democrática. Não escolhe cor, credo, idade ou classe social. Aliás, é a segunda causa mortis no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares. "A negação da doença é um estigma que contribui para os altos índices de mortalidade", alerta o psico-oncologista Lório Rodriguez, especialista do ICESP. O fato de você não fumar não significa que não possa vir a desenvolver um câncer de pulmão, assim como um fumante pode nunca ter a doença. "É preciso considerar os aspectos físicos e psíquicos da doença. Fatores emocionais - como rancor, mágoa e raiva - são agravantes no surgimento do câncer porque levam à imunodepressão, ou seja, uma baixa no sistema imunológico, que deixa o organismo menos atento a ataques virais, bacterianos ou mesmo à produção irregular de células", alerta o especialista.

3 - É UMA SENTENÇA DE MORTE

Não. Muitos tipos de câncer são tratáveis e, se descobertos em sua fase inicial, têm cura. Os principais métodos de tratamento são: cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A OMS estima que um terço de todos os cânceres possa ser curado se for precocemente detectado e tratado. Isso implica em conscientizar a população para que reconheça os sinais iniciais da doença, e aí cabe ao governo investir em uma política pública de esclarecimento, sobre os diversos tipos da doença e seus sintomas e orientar a procura por ajuda médica assim que seja observada alguma alteração no organismo.

4 - UMA PESSOA DA MINHA FAMÍLIA TEVE CÂNCER, VOU TER TAMBÉM

Estima-se que de 5% a 10% dos casos sejam de caráter hereditário. "O que sabemos com certeza é que os fatores a que somos expostos durante a vida são determinantes, como o hábito de fumar, principal fator de risco para o câncer de pulmão, cabeça e pescoço; e a obesidade na pós-menopausa, que aumenta o risco de câncer de mama", esclarece Maria Del Pilar Estevez Diz, coordenadora do ambulatório de Oncologia Clínica do ICESP. Para determinar se há ou não fatores hereditários consideráveis, é preciso observar algumas características como: idade do aparecimento do câncer mais jovem que o usual; o mesmo lado da família (materno/paterno) comprometido; pessoas com mais de um câncer ao longo da vida, casos de cânceres raros na família, padrão reconhecido correspondente a mutações genéticas ou casos de câncer de mama, ovário e cólon na família.

5 MITOS PERIGOSOS

Mais do que uma doença, o câncer é um estigma. Os mitos que circundam esse mal são uma das principais barreiras para que as pessoas tomem medidas de prevenção e busquem o tratamento que podem salvar suas vidas

1 - A CIRURGIA ACELERA A METÁSTASE

Você já deve ter ouvido alguém falar que um tumor evoluiu depois da cirurgia. "O médico abriu e fechou", dizem. Ledo engano. "Hoje, a cirurgia cura mais de 50% dos doentes de câncer, não influenciando o crescimento do tumor. A sensação que as pessoas têm de que isso ocorre é porque o tumor cresce exponencialmente, ou seja, duplica de tamanho em intervalos de tempo. Portanto, nas fases mais avançadas esse aumento é muito mais rápido e nítido, independente de o paciente ter sido operado ou não. Coincidentemente, alguns pacientes operados em estágio avançado têm o crescimento tumoral mais rápido após a cirurgia, mas isto aconteceria mesmo sem a intervenção", explica o cirurgião Wilson Pollara, coordenador do centro cirúrgico do ICESP.

2 - EU NÃO SOU DO GRUPO DE RISCO 

Se existe uma verdade sobre o câncer é que esta é uma doença democrática. Não escolhe cor, credo, idade ou classe social. Aliás, é a segunda causa mortis no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares. "A negação da doença é um estigma que contribui para os altos índices de mortalidade", alerta o psico-oncologista Lório Rodriguez, especialista do ICESP. O fato de você não fumar não significa que não possa vir a desenvolver um câncer de pulmão, assim como um fumante pode nunca ter a doença. "É preciso considerar os aspectos físicos e psíquicos da doença. Fatores emocionais - como rancor, mágoa e raiva - são agravantes no surgimento do câncer porque levam à imunodepressão, ou seja, uma baixa no sistema imunológico, que deixa o organismo menos atento a ataques virais, bacterianos ou mesmo à produção irregular de células", alerta o especialista.

3 - É UMA SENTENÇA DE MORTE

Não. Muitos tipos de câncer são tratáveis e, se descobertos em sua fase inicial, têm cura. Os principais métodos de tratamento são: cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A OMS estima que um terço de todos os cânceres possa ser curado se for precocemente detectado e tratado. Isso implica em conscientizar a população para que reconheça os sinais iniciais da doença, e aí cabe ao governo investir em uma política pública de esclarecimento, sobre os diversos tipos da doença e seus sintomas e orientar a procura por ajuda médica assim que seja observada alguma alteração no organismo.

4 - UMA PESSOA DA MINHA FAMÍLIA TEVE CÂNCER, VOU TER TAMBÉM 

Estima-se que de 5% a 10% dos casos sejam de caráter hereditário. "O que sabemos com certeza é que os fatores a que somos expostos durante a vida são determinantes, como o hábito de fumar, principal fator de risco para o câncer de pulmão, cabeça e pescoço; e a obesidade na pós-menopausa, que aumenta o risco de câncer de mama", esclarece Maria Del Pilar Estevez Diz, coordenadora do ambulatório de Oncologia Clínica do ICESP. Para determinar se há ou não fatores hereditários consideráveis, é preciso observar algumas características como: idade do aparecimento do câncer mais jovem que o usual; o mesmo lado da família (materno/paterno) comprometido; pessoas com mais de um câncer ao longo da vida, casos de cânceres raros na família, padrão reconhecido correspondente a mutações genéticas ou casos de câncer de mama, ovário e cólon na família.

5 - NINGUÉM SABE O QUE ESTOU PASSANDO

Inca estima que, em 2008, foram diagnosticados cerca de 460 mil novos casos da doença, ou seja, tem muita gente vivendo a mesma angústia do diagnóstico e outras tantas dispostas a ajudar os pacientes. É fundamental que a pessoa faça uma terapia em paralelo ao tratamento e seja estimulada a falar sobre seus temores e dúvidas. "É a conspiração do silêncio. O paciente sofre sozinho, tem medo de morrer, mas não fala para ninguém. Parentes e amigos sabem que a doença existe, mas não tocam no assunto. Essa tensão toda gera raiva, impotência e desequilíbrio, o que não ajuda em nada no quadro geral", explica Lório Rodriguez. O acompanhamento de um psico-oncologista não apenas alivia o sofrimento, como o auxilia a encarar o tratamento com mais tranquilidade.

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fonte:http://revistavivasaude.uol.com.br

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