quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A importância do diagnóstico precoce do Câncer

"Cuidar da saúde é o nosso bem mais precioso... 
Walter Avancini. Diretor de TV por sua filha Andréa Avancini, atriz.
O meu pai não contou para ninguém que estava com câncer. Nós da família só ficamos sabendo cinco anos depois do diagnóstico. Durante esse tempo, quando eu soube que ele estava indo ao médico com freqüência, meu pai afirmava que estava com problemas na coluna e que por isso precisava andar com uma cinta. Na realidade, ele tinha câncer de próstata.
Acho que ele sempre foi muito auto-suficiente e reservado. Não gostava de preocupar as pessoas com as suas dores e seus problemas.
Então nós só ficamos sabendo do câncer quando o meu pai já estava numa fase muito pesada da doença, um ano antes de morrer. Nessa fase, ele já tinha operado, feito tratamentos e estava muito fragilizado. E na verdade ele só contou porque não havia mais como esconder de ninguém, de tão debilitado que estava.
Durante os cinco anos em que ficou doente, todos suspeitavam, no fundo, que ele estivesse com alguma doença grave. Sua pele estava muito amarelada, ele emagreceu demais, apresentando vários sintomas visíveis de que realmente estava doente. Mas nem eu nem meus irmãos tocávamos no assunto, sabíamos que era algo muito particular para ele, e era como se estivéssemos invadindo sua privacidade, que ele queria manter. Isso ficava bem claro para todos nós. Dessa forma, quando perguntávamos por que ele estava assim, o meu pai desconversava, dizia que não era nada, o que reforçava a idéia de que escondia algo mais grave. Afinal, se não estivesse mesmo com nada, ele teria esclarecido a pele amarelada, aquele emagrecimento tão intenso, a dificuldade para caminhar. Nesse caso, acho que ele diria: "Olha, estou com isto e aquilo, e ponto!" Ele nunca foi de dar muita satisfação a ninguém. 

Herson Capri
Descobri que estava com câncer depois de fazer uma radiografia do tórax. Não sentia nenhuma dor nem suspeitava de nada. Eu ia fazer uma lipoaspiração no abdômen para interpretar Jesus Cristo em Nova Jerusalém, um personagem muito mais magro do que eu, e nos exames pré-operatórios a minha mulher, que é médica, fez questão que eu fizesse também uma radiografia dos pulmões. O cirurgião plástico, na época, não pediu esse exame, mas minha mulher insistiu para que eu o fizesse. E aconteceu comigo o que os médicos chamam de "um achado", isto é, a descoberta de um tumor maligno sem que houvesse nenhum sintoma dele.
 Giba
A radiografia mostrou um nódulo já grande. Há muitos anos que eu não fazia raio-x do tórax. Uma coisa que eu sempre falo, principalmente para quem fuma ou para quem foi fumante, é que a prevenção é o melhor remédio para o câncer. Fazer exames periódicos é muito importante. Se eu os tivesse feito regularmente, teria achado esse nódulo enquanto ele estava pequeno. Mais uns meses e eu teria morrido. O nódulo estava muito próximo de colar nas paredes do tórax e no coração. Se ele colasse, em um ou em outro órgão, eu não estaria mais aqui.
Giba, jogador da seleção brasileira de vôlei
Um dia, quando eu tinha seis meses de idade, minha mãe estava trocando minha fralda e reparou que havia sangue nas fezes. Além disso, eu estava meio para baixo, sem ânimo para nada.
Preocupada, ela me levou ao médico para ver o que era. Eles fizeram uma bateria de exames. E, quando foi constatada a leucemia, eles me internaram e passei uns dois ou três meses no hospital. O curioso é que ninguém contou nada para minha mãe, nem os próprios médicos. Ela só ficou sabendo quando eu fiquei bom. Para ela, disseram que eu tinha uma insuficiência de ferro.
Eu estava com um ano e dois meses quando comprovaram que eu não tinha mais nada. Então minha mãe me levou a um dos médicos que havia me atendido para uma consulta. Ele e outros médicos haviam dito que eu só andaria com três anos e só falaria com quatro anos e meio, mais ou menos. No consultório, o médico exclamou, impressionado, diante da minha mãe: "Nossa, esse menino, que tinha leucemia, mal se curou e já está andando." Ele ficou tão assustado de me ver andando que se esqueceu de que minha mãe não sabia e falou sem querer. Quando ficou sabendo de tudo, minha mãe desmaiou e caiu com o rosto em cima da mesa dele. Depois que se recuperou, aí, sim, ela finalmente viu todos os exames e soube de todos os detalhes do que realmente tinha acontecido.


Patrícia Pillar. atriz
Minha história começou assim: um dia, fazendo um auto-exame nada minucioso durante o banho, senti que havia alguma coisa errada. Pouco tempo antes, eu tinha acabado de fazer uma mamografia anual de rotina, que não tinha acusado nada. Então, corri para o meu ginecologista e ele mandou que eu fizesse uma nova mamografia. E, mais uma vez, não deu nada no exame. O médico então me pediu um exame de ultra-som. Afinal, realmente havia alguma coisa errada no meu seio, e era palpável. Fiz o ultra-som no mesmo local onde fora feita a mamografia, e aí apareceu o tumor. Depois, fiquei sabendo que 10% dos casos de câncer não são detectados na mamografia, mesmo quando já são palpáveis.
Até chegar ao médico e ter conhecimento do que eu tinha realmente foi o pior momento para mim. Porque, quando soube que era câncer, eu já imaginava o tamanho do problema que ia enfrentar. Não saber o que era, em que estágio estava, me angustiou mais do que quando soube que era câncer. Quando não sabemos o que temos, o problema se toma infinito. O desconhecido, nesse caso, é mesmo a pior coisa.
Em meio a tudo isso, tive muito apoio do meu marido, do meu pai, da minha mãe, da minha irmã, das pessoas que trabalham aqui na minha casa, da minha empresária e amiga Jaquie, dos meus amigos, enfim, de todos aqueles mais próximos. Esse apoio facilitou bastante as coisas para mim. Há muitos maridos que abandonam as mulheres numa situação dessas porque não suportam encarar esse problema. Do mesmo modo que não suportam quando a mulher tem um filho. Às vezes, não é nem por falta de amor que um homem abandona sua mulher, é mesmo por falta de estrutura emocional, por incapacidade de lidar com a situação. Nesse aspecto há o abandono de quem sai de casa e vai embora, e há o abandono de quem, sem sair de casa, não dá apoio algum.

                       Raul Cortez.
 Entrevista feita seis meses antes de seu falecimento.
Quanto mais falarmos sobre o câncer, quanto mais falarmos sobre esse assunto, menos alimento vamos dar para essa doença, menos alimento vamos dar para o nosso medo. Porque eu acho que, quando alimentamos um medo, ele vira pânico.
Por incrível que pareça, acho que o pior dessa doença é o remédio, a quimioterapia. A quimioterapia me atingiu da pior forma possível, causando-me uma depressão terrível. Eu tive que lutar muito contra essa depressão. Tive de enfrentá-la com todas as minhas forças, mas valeu a pena. Terminei a luta como o corredor que conclui uma maratona. Fiquei mais magro, sem energia para falar, realmente muito cansado.
Passei 10 meses nessa batalha, fora o tempo em que eu já estava com a doença e não sabia. Na realidade, acho que a doença apareceu quando estava fazendo a novela Esperança, na Globo. Antes mesmo de iniciar as filmagens na Itália, comecei a sentir um mau humor repentino e inexplicável, uma irritação horrível, dores antes de comer, sensações muito ruins. Joguei esse mau humor e essa agressividade para o personagem, o que foi ótimo. Mas, naquele momento, senti que alguma coisa não andava bem, claro. De todo modo, achei que fosse uma azia, uma gastrite, ou mesmo alguma coisa desse nível, e passei a me tratar como se esse fosse o problema. Então, na mesma época, fiz uma operação de hérnia de hiato para tentar diminuir o que estava sentindo, mas continuei tendo dores muito desagradáveis.
Depois, fui fazer um filme com a Fernanda Montenegro. E no meio da filmagem tive que interromper esse trabalho, porque comecei a ter dores horríveis por conta de uma pancreatite. Fui atendido no Copa D'Or, no Rio. Do Copa D'Or, voei para São Paulo, onde foi constatada a pancreatite. Assim, tirei uns dias de descanso por recomendação médica. Já era um grande sintoma de alerta, né? Naquela ocasião, fiz todos os exames que se possa imaginar, mas nada foi detectado, é incrível isso. Então continuei a trabalhar normalmente e terminei o filme com a Fernanda. Mas as dores prosseguiram e pioraram muito. Cheguei a ponto de gritar de tanta dor. Tive de parar de gritar. No dia em que eu gritei disse para mim mesmo que, se eu precisasse representar um personagem que tivesse câncer, já saberia como seria. Afinal, como atores, nós aproveitamos todas as experiências da vida para o nosso trabalho. Só que, no fundo, eu não achava que tinha câncer, de jeito nenhum.


A importância do diagnóstico precoce do Câncer


Após perder seu pai, vítima de câncer, Ilan Gorin teve a ideia de organizar este livro cujo objetivo é conscientizar o maior número possível de pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer, essa doença que não conhece idade, raça ou classe social. Na primeira parte do livro reúne depoimentos emocionantes de ilustres personalidades que  enfrentaram esta terrível doença, entre elas Giba, Patrícia Pillar e o saudoso Raul Cortez. Mais do que dar lições ou ensinar a viver, essas histórias falam da importância do apoio e do afeto da família e amigos, para que nunca se perca a esperança e a vontade de lutar...



O Livro Sem Medo de Saber de Ilan Gorin trata do assunto que a cada dia tem mais repercussão e discussão, que é a importância do diagnostico precoce do câncer, contanto 40 histórias pessoais de pessoas como Raul Cortez, Patrícia Pillar, Giba, Hedson Capri, Mário Covas, Walter Avancini, Leandro, Dina Sfat, Janete Clair, Gilda Westin de Conzenza, Lucinha Araújo, Karla Vidal, Lucia Ritto, Marcos Margulies, Luiz Alberto Amorim Martins, Moysés Liberbaum, Carlos Guilherme E.Fischer, Olavo Bueno, Júlio Spector, Zózimo Barroso do Amaral, Hélio Kestelman, Carlos Lessa, Geraldo Walter, Léo de Affonseca, Antônio Callado, Sylvio Fraga, Mauro Campos Barreto, Alfredo Machado, Gaetano Constanzo, Daniela Calábria, Paulo Jerônimo de Souza, Edna Savaget, Gisella Amaral, Cleonice Rossi, Narciso, Roberto Pires, Duda, Carlos Zara, Dom Paulo Evaristo Arns.
Os mais recentes avanços da ciência na pesquisa do câncer são aqui apresentados pelo autor do livro, onde a investigação do corpo humano usando técnicas modernas possibilita o diagnóstico precoce, que é a principal arma no combate a essa doença que, quando descoberta em seus estágios iniciais, apresenta grandes possibilidades de cura.     
   A maior experiência mundial no diagnóstico precoce do câncer: a japonesa
• Protocolo japonês indicado – exames anuais
• Detalhamento de vários exames
• Tabela de sobrevida em cinco anos para alguns tipos de câncer
• Tabelas do NCC (Centro Nacional de Câncer do Japão) – a eficiência do escrevenina no diagnóstico precoce e na taxa de sobrevivência
• Entrevistas com os renomados médicos do Japão Dr. Hironobu Ochi e Dr. Seiei Yasuda
• Uma iniciativa privada
• Em que ponto estão as pesquisas do Centro Nacional de Câncer do Japão
• Os números das clínicas particulares
• Contra-argumentos
• Quem pode fazer o screening do câncer e as contra-indicações
• Entrevista com a dermatologista Dra. Cristina Abdala
• Instituições onde existem PET/CT ou PET no Brasil     

Links Úteis
• Instituto Nacional do Câncer: www.inca.gov.br
• Centro Nacional de Câncer do Japão: www.ncc.go.jp


Raul Cortez
Patrícia Pillar
Giba
Herson Capri
Mário Covas
Walter Avancini
Leandro
Dina Sfat
Janete Clair
Gilda Westin de Conzenza
Lucinha Araújo
Karla Vidal
Lucia Ritto
Marcos Margulies
Luiz Alberto Amorim Martins
Moysés Liberbaum
Carlos Guilherme E.Fischer
Olavo Bueno
Júlio Spector
Zózimo Barroso do Amaral
Hélio Kestelman
Carlos Lessa
Geraldo Walter
Léo de Affonseca
Antônio Callado
Sylvio Fraga
Mauro Campos Barreto
Alfredo Machado
Gaetano Constanzo
Daniela Calábria
Paulo Jerônimo de Souza
Edna Savaget
Gisella Amaral
Cleonice Rossi
Narciso
Roberto Pires
Duda
Carlos Zara
Dom Paulo Evaristo Arns

                                

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