sábado, 22 de setembro de 2012

NO DIA 7/10 SERÁ DIFERENTE?


A viagem para o mundo dos terráqueos teve inicio nos setenta, tempos em que juramos que eram
 melhores que os dias de nossos filhos, havia mais pudor, menos violência e menos político corrupto, 
e óbvio menos tecnologia, menos ciência e menos verdade. Nós quase éramos felizes!
Sou filha da geração dos"enta", filha dos acontecimentos, do fim do militarismo inicio da era Tancredo Neves,
onde pensávamos que heróis nasciam em planaltos centrais e que nos absolveria das trágicas mazelas 
de uma sociedade injusta, de gente incauta e simplista. 
Éramos todos filhos da esperança. 
Esperança morta no leito de um hospital dias da posse do presidente, mas logo recobrada pelos caras
pintadas e empitchman dos Collor da vida.
 Achávamos que tínhamos vozes no meio da escuridão de um povo esquecido pelos deuses, como índios,marcávamos cara com tinta pra esquecer a barriga vazia da educação que era para os de nobre
 berço, os aquinhoados do mundo pagão. Éramos uma geração sofridamente militante.
Um povo que viu um governo congelar preços e ia ao mercado com sorrisos bossais aproveitar todos
 os centavos de seu suado dinheiro como se fosse um empréstimo do rei aos súditos, pelo menos 
dormiríamos em paz por saber que no outro dia a inflação não engoliria o quilo de açúcar do dia seguinte, 
mataríamos a boca da fome enquanto adormecidos para os dígitos dos poderosos, pensávamos que éramos 
felizes e não sabíamos. Talvez de fato fossemos...
Vivemos dias de planos cruzados e vimos emergentes tombarem ante a impossibilidade de usarem 
seus dinheiros, agora posse dos bancos, dos poderosos, de uma nação verde amarela que pouco se 
apiedava de seu povo, cativo da sua própria falta de liberdade. Muitos choraram ao verem seus sonhos 
escorrerem pelos ralos dos banheiros da grande capital, mas logo riam, afinal agora já poderíamos votar 
difícil era mesmo, escolher o menos canalha, o menos pífia dos pífios que se despontavam como salvador 
do mundo. E assim íamos nós, uma geração com resquícios de protestantismo dos anos sessenta, com um 
ar de revolução irrustida, não tinha tanta coragem, mas ainda restava um resvalar das velhas idéias de
 um mundo melhor, herdada talvez das historias que nossos pais contavam de seu   Getulio Vargas, aquele 
velhote que morrera pela causa do povo, só não conseguíamos entender e eles não sabiam explicar onde
 estava a bravura do suicídio. 
Mas sempre há algo de belo no trágico.
E assim os meus anos dourados, não tinham tanto ouro nem luxos, mas brasileiros eram menos 
americanizados e mais tupiniquins e nós daqui, dessa lado do tempo, juramos que eram tempos melhores
 que hoje ... pelo menos resta-nos o consolo da Copa do mundo de 70 a melhor equipe de futebol de todos
 os tempos com Pelé, em sua última edição de Copa do Mundo...
E a gente era feliz ... ou quase!
  Joíra F.


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