segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Teste molecular é capaz de detectar câncer de próstata em MG

Pesquisa inédita foi desenvolvida por um pesquisador de Uberlândia. 
Segundo urologista, 75% dos pacientes fazem biópsia sem necessidade.

Teste molecular detecta câncer de próstata em Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)Teste é realizado em laboratório genético de
Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)
Um exame menos invasivo e que pode amenizar a resistência de muitos homens em realizar o tradicional teste de toque para detecção de problemas na próstata é realizado por um laboratório em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Desenvolvido por um pesquisador mineiro, o procedimento é feito a partir da coleta de sangue de onde é extraída uma molécula das células sanguíneas para análise laboratorial.
Em 2003, o pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Luiz Ricardo Goulart, idealizou a Pesquisa Câncer de Próstata (PCaP) a frente de uma equipe de urologistas e sob financiamento de um laboratório genético do município. Constatada a eficácia nos resultados, o exame já foi aplicado em mais de 1.000 brasileiros. "Nesses anos todos de testes foram avaliados 600 homens na UFU e mais, aproximadamente, mil pessoas em todo o Brasil. A tendência é que ele se torne cada vez mais conhecido e procurado", disse.
Luiz Goulart comentou que o exame molecular é realizado há nove anos em Uberlândia, mas esbarra na falta de conhecimento por parte dos profissionais da área da medicina urológica. Conforme o pesquisador, o exame é comprovado cientificamente, tem permissão legal para a comercialização, mas ainda não é recomendado como exame de rotina, tal qual o de toque e o de biópsia. Além disso, o PCaP é realizado apenas pelo laboratório credenciado que subsidiou a pesquisa, ou seja, todas as coletas realizadas em outras localidades são encaminhadas a Uberlândia para análise.
 Eficácia e preço
Segundo o pesquisador, outros estudos já foram feitos utilizando distintas formas para constatação do câncer de próstata, o PCaP foi um dos poucos que deram resultados imediatos. "Na mesma época que estávamos desenvolvendo o teste de molécula, uma equipe estrangeira também patenteou um exame semelhante, só que utilizando a urina. O deles custa de US$ 350 a US$ 500 e o nosso é cerca de R$ 250, bem mais em conta", garantiu Luiz Ricardo.
Ainda de acordo com o pesquisador, não apenas pelo custo mais acessível em relação às pesquisas no exterior, o PCaP também é mais objetivo que os demais. "O exame no exterior, através da urina, requer massagem prostática e o daqui utiliza o marcador molecular PCA3, que é feito através do exame de sangue normal, para depois retirarmos a molécula de RNA das células circulantes, que são relativas a prováveis células tumorais. É muito menos invasivo e mais objetivo que o toque e a biópsia", explicou Goulart.
A partir da quantificação dos resultados, pode-se descobrir que pacientes que apresentam acima de 10 nanogramas (ng/ml) tem uma probabilidade muito grande de portar câncer. A precisão do exame, hoje, é de quase 80%, com índice de especificidade avaliado em até 93%, facilitando o urologista a detectar o tumor e dar início ao tratamento. Após a coleta de sangue, o resultado leva de 7 a 15 dias para ficar pronto.
Urologia e PCaP
O teste não substitui o exame de toque e a biópsia, mas tem a função de identificar e avaliar o tratamento do paciente de forma mais precoce, selecionando os pacientes que têm necessidade de fazer a biópsia ou não.
Teste molecular detecta câncer de próstata em Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)Médico Danielo de Freitas e pesquisador Luiz Goulart
trocam informações sobre o PCaP
(Foto: Caroline Aleixo/G1)
Médico urologista há mais de 15 anos, Danielo de Freitas foi um dos pioneiros em indicar o exame molecular aos pacientes. Segundo ele, a maioria é orientada a fazer a biópsia, mas aproximadamente 75% dos homens que fazem o exame não têm PSA positivo – um antígeno prostático específico usado para o diagnóstico.
"Estamos fazendo a biópsia em um número de pacientes muito grande, sem tanta necessidade. Em 2/3 destes, não é apresentada nenhuma alteração cancerígena. O teste PCaP melhora a especificidade da avaliação do câncer de próstata, avalia e identifica melhor o paciente, sem que ele precise fazer a biópsia de imediato", defendeu.
Caso o paciente apresente altos índices de PSA, ele deverá ser encaminhado para fazer a biópsia. Nos antígenos com pequena alteração, os exames devem ser mais frequentes e ao invés de serem anuais, as consultas deverão ser realizadas de quatro em quatro meses.
Prevenção
A próstata é uma glândula que tem várias funções no organismo e produz o líquido espermático e prostático, que respondem a 30% do volume do esperma e auxilia na fertilidade do homem. Ela ainda funciona como uma válvula para continência urinária.
A partir dos 30 anos de idade, a glândula cresce, invariavelmente, para todos os homens. Esse crescimento é benigno e particular dependendo da tendência genética, mas com o tempo esse crescimento pode acarretar inflamações e infecções em alguns pacientes, além do câncer.
Segundo Danielo de Freitas, mesmo com campanhas de prevenção, tratamentos e vários métodos disponíveis no mercado, ainda existe uma resistência muito grande em tratar a próstata e fazer exames de rotina. "Nós utilizamos o PCaP para detectar o câncer e também outras disfunções da próstata. Como ele não é incômodo e nem constrangedor como o de toque, veio para somar às ferramentas que temos hoje e é o que eu indico aos meus pacientes no primeiro momento", finalizou o médico.

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